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Sex, 09 Nov 2018 19:34:00 -0200
Brasil e Chile avaliam cooperação em CT&I
Uma análise da situação e das perspectivas de cooperação entre o Brasil e o Chile na área de ciência, tecnologia e inovação foi realizada em encontro entre autoridades dos dois países durante workshop que aconteceu no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília, dos últimos dois dias. O evento foi uma parceria com a Embaixada do Chile e contou com a participação do embaixador Fernando Schmidt Ariztía, além do presidente substituto do CNPq, Marcelo Morales, e do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Na abertura do evento, dia 8, Marcelo Morales pontuou a intensidade e o dinamismo da cooperação entre os dois países. Segundo ele, o Brasil concentra o maior estoque de investimentos externos chilenos no mundo, que já ultrapassou a marca dos US$ 28 bilhões. "Empresas chilenas atuam no Brasil em diversas áreas, como papel e celulose, varejo e energia. O Brasil registra investimentos na economia chilena de mais de US$ 4 bilhões", afirmou.
O embaixador do Chile falou da importância do seminário com o objetivo de falar da relação entre Chile e Brasil que estão se multiplicando e identificar novas áreas de complementação. "Chile e Brasil tem sido fortemente identificados com temas econômicos. Temos um comércio que chega a superar bilhões de dólares superavitários para o Brasil. Uma série de elementos econômicos e comerciais. Mas temos um déficit em outras áreas, e em uma delas nós podemos fazer mais. Que é Ciência e Tecnologia", explicou.
Fernando Schmidt complementou falando sobre os cooperadores que são 65 brasileiros e 38 chilenos trabalhando juntos durante um certo tempo e que 4.2 milhões serão investidos nessa cooperação entre Brasil e Chile.
O Senador Cristovam Buarque ressaltou que um dos destaques do Chile para ensinar ao Brasil é o cuidado que o país tem com a educação. Para o senador, o Chile, hoje, tem o mais consistente projeto de educação de base primaria e secundaria desde a pré-escola. "O Chile, tem duas inovações que ao meu ver são positivas. a primeira é a desmunicipalização das escolas, que talvez seja o maior problema do Brasil. E segunda é a ideia de que uma escola pode ser publica mesmo não sendo estatal", disse.
Cristovam reforçou que o Brasil deve se espelhar na permanência nas linhas de pesquisas na ciência e tecnologia que o Chile promove. "Ideia da permanência da ciência e tecnologia é fundamental, mais importante do mais dinheiro é mais tempo para levar adiante as pesquisas. Pouco dinheiro com muito tempo dos resultados melhores que muito dinheiro e pouco tempo", concluiu o senador.
Durante os dois dias de workshop merecem destaque as discussões em torno da avaliação da experiência brasileira na cooperação Brasil-Chile nas áreas de envelhecimento populacional, armazenamento de energia, desenvolvimento de alimentos saudáveis e inovação e Start-up.
Cooperação no âmbito da CT&I no CNPq
Em 1980, foi firmado o Acordo Complementar ao Convênio Básico de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica entre o Brasil e o Chile no campo da Ciência e Tecnologia. Em 2001, foi assinado o Memorando de Entendimento entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTI) e a Comisión Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnológicas(CONICYT), agência congênere ao CNPq, vinculada ao Ministério de Educação do Chile e, em dezembro de 2015 foi assinado Acordo entre o CNPq e a CONICYT.
A CONICYT participou das tradicionais Chamadas Bilaterais em 2005, 2007 e 2008 e 14 projetos foram apoiados conjuntamente no valor total de R$ 387.400,00. As áreas contempladas pelas chamadas foram ciências agrárias, biológicas e exatas e da terra. Em 2016 foi realizada chamada conjunta binacional, cujo tema foi Envelhecimento Populacional. A escolha do tema considerou o cenário demográfico de ambos os países até 2050. A expectativa é que as investigações possam resolver problemas que - tanto a sociedade chilena quanto brasileira - enfrentarão nesse cenário.
Todas as etapas de realização dessa Chamada foram delineadas com o lado chileno de modo que as experiências - tanto brasileiras quanto chilenas - no que tange a seleção de projetos de pesquisa, fossem compartilhadas. Optou-se pela submissão de projetos binacionais - utilizando a Plataforma Carlos Chagas e também pela realização de um Comitê Binacional de Julgamento. Foram recebidas 57 propostas e aprovadas 02 propostas no valor total de R$ 566.500,00 (Quinhentos e sessenta e seis mil e quinhentos reais)
O CNPq enviou no período de 2005 a 2018, 62 pesquisadores brasileiros para realizarem seus estudos em universidades chilenas bem como recebeu 38 pesquisadores chilenos, nos últimos 20 anos, por meio dos Programa PEC-PG e CNPq-TWAS, para realizarem seus estudos em universidades brasileiras.
O investimento total estimado para a cooperação com o Chile, no período de 2005 a 2018, somam R$ 4,2 milhões. Isso inclui as diversas modalidades de bolsas para brasileiros em universidades chilenas, bolsas para chilenos em universidades brasileiras e custeio para projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito da cooperação bilateral.