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Sex, 27 Dez 2019 17:15:00 -0300
Expedição brasileira na Antártica é encerrada
A expedição do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) ao módulo Criosfera 1, o laboratório latino americano mais ao sul do Planeta, foi encerrada no último domingo (22), com a chegada dos pesquisadores na cidade de Punta Arenas, no Chile.
O módulo, localizado a somente 660 km do Polo Sul Geográfico, foi fechado para funcionar mais 12 meses com sustentabilidade energética. Isso porque o Criosfera 1 somente utiliza energia solar e eólica para manter equipamentos de análise química da atmosfera, estação meteorologia, e um novo equipamento para medir o black carbon (carvão negro), que é um dos subprodutos da queima de óleo, de carvão e de florestas.
Os trabalhos no módulo Criosfera 1 foram iniciados no dia 12 de dezembro, com a abertura do laboratório e manutenção dos equipamentos. No dia 22 de dezembro, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tomaram um avião quadrimotor para viajarem da Geleira Union até a cidade de Punta Arenas, no extremo sul do Chile. A equipe chegou ao Brasil nessa quinta-feira, 26.
Na foto, a equipe de cientistas do módulo Criosfera 1 se reuniu no momento do fechamento do módulo para mais um inverno. Foto: Divulgação.
O Criosfera
O Criosfera 1 é uma plataforma científica, autossustentável, usa apenas o sol e o vento para suprir toda a energia necessária aos equipamentos de pesquisa e uma estação meteorológica ao longo de todo ano. Permite investigar as interações entre as massas de ar antárticas e aquelas do Brasil, avançando o conhecimento sobre as frentes frias (friagens) e que afetam nossa produção agrícola.
Os sensores do módulo também amostram continuamente os componentes químicos da atmosfera. Destaca-se a medição da concentração do dióxido de carbono (CO2) atmosférico nesse que é um dos locais mais isolados e limpos da Terra. Ainda, ajuda na investigação de sinais de poluição global gerados pela atividade industrial e de mineração.
Os pesquisadores, acampados sobre a neve ao redor do Criosfera 1, após enfrentarem fortes ventos que abaixaram a sensação térmica para -40º C, recolocaram no ar vários equipamentos científicos (alguns parados há quase 12 meses devido à falta de manutenção).
Atualmente, funcionam no Criosfera 1 os seguintes equipamentos: estação meteorológica automática, medidor de concentração de CO2 (dióxido de carbono), detector de raios cósmicos e sistema coletor de aerossóis. Para que os equipamentos funcionem em um local tão remoto, o módulo deve ser energeticamente autossustentável. Assim, a energia solar e a energia eólica são fundamentais para a contínua observação de dados. O Criosfera 1 é totalmente automatizado, mas exige manutenção anual feita por expedição científica ao interior da Antártica.
As pesquisas desenvolvidas também estão inseridas no INCT da Criosfera, um dos institutos do Programa Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, coordenado pelo CNPq e MCTIC.